quarta-feira, 13 de abril de 2011

Quando eu quebrei o brinquedo

Eu ganhei do meu pai um brinquedo que era assim, uma mesa de 1 metro por 75 centimetros e que era como um campo de futebol mas cheio de furinhos por onde o ar subia. Haviam 2 manetes e um disco que flutuava sobre a mesa por causa do ar saindo dos furos. É muito comum em alguns bares e parques ainda. Então eu ganhei essa mesa de futebol e brincava muito, muito mesmo.
Um dia meu primo apareceu lá em casa com um álbum de figurinhas da copa, do chicletes ping pong,  para me mostrar e, depois de ver o álbum e babar nas figurinhas, fomos jogar futebol na mesinha.
Jogamos e nos divertimos até aquele momento em que a gente diz "ah cansei de jogar isso".
Até aí tudo normal e tudo bem. Mas num rompante inexplicável de bondade, ou burrice, ou as duas coisas, eu disse: "Você quer essa mesa pra você?" E ele: "Claro que quero!" e foi embora feliz com sua nova mesa de futebol de disco voador.
Eu também fiquei feliz por um tempo, de ter dado a mesa, ou seja lá qual for o real motivo no meu inconsciente. Até minha mãe se dar conta que aquele objeto gigante havia sumido. Com seu jeitinho peculiar de me abordar ela me fez contar a novidade: "Dei ela".
O coro comeu. Nossa mãe, como o coro comeu!
Mas a mesa estava dada e deu tá dado quem toma é ladrão...
Um tempo depois fui até a casa do meu primo para brincar e ele não estava. Só encontrei minha vó que me disse que estava saindo, mas eu poderia ficar sozinho lá até meu primo voltar. "OK" eu disse.
Assim que ela saiu peguei a mesa de futebol e fui brincar sozinho. E aí, de novo, num súbito ataque inexplicável de vontade de reaver meu brinquedo gigante, me dei conta da bobagem que eu tinha feito. "Que grande droga!"...
Quando meu primo chegou viu o brinquedo quebrado. Eu expliquei a ele que quando estava brincando sozinho esbarrei na tábua de passar roupa ali ao lado e o ferro se desequilibrou e caiu sobre o tampo da mesa quebrando-a. Ele não gostou, mas, fazer o quê, acidentes acontecem. Jogamos o brinquedo fora e fomos ver as figurinhas.
O que ele não viu foi a cena horripilante do menino com um ferro de passar roupas na mão, com a ponta virada pra baixo, golpeando a mesa com toda a força do mundo, que hoje eu entendo como se fosse "se eu não tenho minha mesa de volta, ele também não" ou "bosta! bosta! bosta! como eu sou tão burro!"

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